Azul é a cor mais Quente
La Vie d’Adele – Abdellatif Kechiche
– 2013 (Cinemas)
Eu sempre penso na cultura
francesa como a maior inimiga da cultura norte-americana, e vice-versa. Alguns
fatos corroboram para essa opinião, mas é no cinema o maior termômetro dessa
disputa silenciosa. O cinema francês é autoral, realista, verborrágico e
crítico, enquanto o estadunidense é industrial, ficcional, corporal e leve, os
que fogem do estilo de Hollywood são inspirados pelo cinema da terra da
bastilha: Martin Scorsese, Quentin Tarantino, Terrence Malick, entre outros,
com exceção de um nome.
Steven Spielberg
É dele a chancela desse filme
francês vencedor da palma de ouro desse ano.
A vida de Adele do titulo
original, é baseado no quadrinho Azul é a cor mais Quente de Julie Maroh, já
lançado no Brasil. Discorre sobre a vida da adolescente Adele (Adèle
Exarchopoulos) e sua descoberta da sexualidade. O filme é apresentado como
tendo 2 volumes e possui quase 3 horas de duração, o que acaba perdendo o foco
na discussão central e se alongando desnecessariamente.
O trio principal, Adele,
Abdellatif Kechiche e Léa Seydoux são os talentos, apesar das brigas, insinuações de maus
tratos, e posteriores desmentidos, a sinergia desses três é o ponto alto da película.
A entrega das personagens dificulta o público separar o real do fictício,
principalmente nas cenas de sexo – as garotas usaram vaginas postiças para dar
mais realidade às tomadas – e isso demonstra a paixão pelo cinema deles, é uma
produção que abusa do real para explorar nossa percepção da narrativa.
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