Dias de Paraíso
Days of Heaven – Terrence Malick – 1978 (DVD)
Eles diziam a todo mundo que eram irmãos. O meu irmão não queria que ninguém soubesse. Sabem como são as pessoas. Conta-lhes algo e põem-se a falar.
Há uma verdade na natureza que diz que toda catástrofe trará o reconforto da bonança. Os Dias de Paraíso, no maravilhoso imaginário mundo de Terrence Malick são o prenúncio de desastres vindouros.
O segundo filme do cineasta, uma obra-prima festejada, é o anúncio do surgimento de uma grife estacionada nos Alpes dos gênios da sétima arte. Marca que já dava mostras de sua potencialidade no seu primogênito, Terra de Ninguém (1973).
Um dos grandes acertos do filme é o trabalho de Nestor Almendros, diretor de fotografia que ficou cego durante a produção e usava polaróides, e o auxilio de óculos, para estudar as cenas e acabou criando imagens irretocáveis escolhendo apenas dois períodos do dia para filmar, a aurora e o crepúsculo, a chamada hora mágica da fotografia. Foi Almendros também quem estreou a Panaglide, a precursora da steady-cam – aquela câmera acoplada à pessoa que diminui os efeitos do balanço do movimento.
A trilha sonora, sempre maravilhosa no currículo de Malick, é assinada por ninguém mais, ninguém menos que o maior de todos, Ennio Morricone, que a pontuou com uma fina e grandiosa orquestra de cordas arrebatadora.
Lançado recentemente no Brasil em DVD já com o título original – nos cinemas foi exibido como Cinzas do Paraíso – o disco revela uma entrevista com o astro Richard Gere, aqui no segundo filme de sua carreira, comentando sobre uma filmagem no fogo em que um trator aparece passando pelas chamas. Segundo o ator, o motorista é Terrence Malick.
O cineasta foi alçado à estratosfera de Hollywood com o lançamento do filme. Após vencer Cannes como melhor diretor, Terrence, sem explicações, abandonou projetos e se isolou em Paris.
A música de abertura que sublinha as belíssimas fotos antigas da revolução industrial é a mesma de Esqueceram de Mim (1990), trata-se de Aquarium de Camille Saint-Saëns, da obra mais célebre do autor, Carnival of the Animals.
Ninguém é perfeito. Nunca existirá uma pessoa perfeita por ai. Você tem metade anjo e metade diabo dentro de você.
Comentários
Gostei!