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Mostrando postagens de setembro, 2009

Diálogos

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Esse é daqueles textos que a pessoa lê lembrando do ator que a interpretou. Esse diálogo (quase um mónologo em que Keanu Reeves vira um pequeno grão de areia) é a cara de Al Pacino, ele o disserta com óbvia satisfação, com o prazer vaidoso do intérprete. Afinal, vaidade é seu pecado favorito. Vamos a ele: Escrito por Andrew Neiderdman (livro), Jonathan Lemkin e Tony Gilroy – O Advogado do Diabo – EUA (1997). INT. COBERTURA DE JOHN MILTON. O DIABO, KEVIN LOMAX E CHRISTABELLA ANDREOLI. John Milton: Pra quem você carrega todos esses tijolos? Deus? É isso? Deus? Vou te falar, deixe-me lhe dar uma pequena informação confidencial sobre Deus. Deus adora olhar. Ele é um brincalhão. Pense bem. Ele dá ao Homem instintos. Ele lhe dá esse extraordinário dom, e depois o que Ele faz? Eu juro, pra Seu próprio divertimento, Sua própria comédia privada cósmica dos erros. Ele coloca regras contraditórias. É a piada de todos os tempos. Olhe, mas não toque. Toque, mas não prove. Prove, mas não engula....

A Partida

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Okuribito – Yôjirô Takita – 2008 (Cinemas) A água é extraída do subsolo e aquecida com lenha. Isso a torna mais suave. É por isso que é quente, mas não arde. O título em japonês significa pessoas que enviam. É uma palavra forte e raramente usada na cultura oriental. A Partida é um filme de aguçada sensibilidade, e roteirizado com veracidade e domínio para resguardar a inteligência do espectador. Daigo (Masahiro Motoki) é um violoncelista que recebe a notícia que a orquestra que toca vai encerrar os trabalhos. Ele decide retornar a pequena cidade onde nasceu e consegue um estranho emprego. Daigo prepara as pessoas para partir. E como todos os trabalhos não comuns, ele sofre preconceitos por seu oficio. Sua esposa quer que ele arranje outro tipo de trabalho, apesar de seu chefe ser quase uma referência paterna para ele.Daigo é um homem que veio de família humilde e foi educado modestamente. Isso o tornou mais introvertido. É por isso que é meigo, mas forte. Apesar de ser um ritual moder...

L'avventura

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Momento Mágico: A Aventura (Michelangelo Antonioni) Em 1960, pela primeira vez na história de Cannes, um filme foi ridicularizado e poucas horas depois ovacionado. Trata-se de A Aventura (1960) do cineasta Michelangelo Antonioni . Ao final do festival, recebeu um prêmio especial pela contribuição da obra ao cinema, e pelas imagens inesquecíveis do filme. Passados 49 anos, o Festival de Cannes decidiu homenagear novamente a obra estampando um fotograma editado em seu pôster de 2009. O resultado pode ser conferiado ai do lado nos links. Abaixo pode ser vista a imagem original capturada da película. Cinematografia de Aldo Scavarda . Aproveito a oportunidade para divulgar e também homenagear Antonioni, cineasta que está me deixando imerso em suas obras e fascinado por suas imagens. É o flick do Museu do Cinema , que você poderá ver aqui . Trata-se de um trabalho amador, que tentaremos sempre dar um aspecto cinematográfico as fotografias.

Inimigo Público nº 1

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L’instinct de Mort – Jean-François Richet – 2008 (Cinemas) A tela se divide em duas, uma ruiva de cabelos crespos é vista numa tela de frente, e em outra, maior e widescreen, é vista de costas. A trilha provoca suspense. A garota parece agitada e nervosa, olhando pra trás é vista pelas duas telas. A imagem em plano aberto mostra que ela puxa um cachorro pela coleira. Ela passeia com o animal sempre olhando de um lado pro outro. Aparece um sujeito na tela pequena. Logo aparece também na maior, visto por outro ângulo. Corte para duas telas iguais, uma foca na mulher, com o rapaz vindo no fundo desfocado. Na outra, o contrário, ele em foco e ela nublada. O diretor divide a tela em muitas formas, e dando a nossa visão em diversos ângulos. Um close nele e percebemos que se trata de nosso protagonista, apesar do cavanhaque, dos óculos e da cabeleireira. Agora a tela é inteira de uma garagem se abrindo, mas uma tarja preta com o crédito do cenário a corta, é o cineasta brincando conosco. Um B...

Clube dos Cinco

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“...E as crianças que você despreza enquanto tentam mudar o mundo são imunes aos seus comentários. Elas sabem bem o que está acontecendo com elas...” David Bowie. The Breaksfast Club – John Hugues – 1985 (DVD) Sábado, 24 de março de 1984. Escola de segundo grau Shermer. Shermer, Illinois. 18:02 da tarde. Prezado Sr. Vermon, Aceitamos ter que passar o sábado de castigo pelo o que fizemos de errado. O que fizemos foi errado. Mas é loucura nos forçar a escrever uma redação sobre nós mesmos. Você não liga de qualquer maneira. Você nos ver como quer, de uma maneira simplista e que mais lhe convém. Você nos vê como o gênio, o atleta, a louca, a princesa e o marginal. Certo? É isso que achávamos de cada um de nós quando nos encontramos. Sofremos uma lavagem cerebral. ● As razões das detenções dos cinco no sábado foram: Bender: puxou o alarme de incêndio. Brian: Um sinalizador disparou em seu armário. Andy: Colocou a foto de um cara com a bunda junta no vestiário. Claire: filou aula pra ir ao ...

A Malandrinha

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Curly Sue – John Hugues – 1991 (DVD) John Hugues ficou sentimental com o passar dos anos. Seu derradeiro filme é uma fábula moderna sobre paternidade e a educação – esse, um tema recorrente em sua filmografia. A Malandrinha é a essência dos filmes de Hugues, algumas vezes politicamente incorreto, mas com mensagens positivas e essencialmente correto. Curly Sue (Alisan Porter) é uma gracinha de garota, cativante, falastrona e esperta, seu maior medo é ser abandonada novamente pela figura do pai, Bill (James Belushi). A dupla ganha à vida fazendo pequenas armações, mesmo tendo um forte código de conduta – eles não roubam. Tudo muda quando eles simulam um acidente envolvendo a advogada Grey (Kelly Lynch, linda como nunca). O filme é a estréia de Steve Carell nos cinemas num pequeno papel.

Quem vê cara não vê Coração

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Uncle Buck – John Hugues – 1989 (DVD) A música denuncia que estamos num filme de John Hugues , Uncle Buck entra na escola fumando um charuto. Ele foi conversar com a diretora sobre a sobrinha Maizy. Na sala de espera uma criancinha aguarda sua vez pacientemente e nervosamente. Não é pra menos, Anita Hoargarth parece à irmã de Hitler, e sua verruga uma bola de futebol. Abrindo a boca percebemos que a aparência não é nada, aquela mulher é uma bruxa. Educadora há 31.3 anos, ela diz, com todas as letras, que Maizy é uma “semente” ruim porque é sonhadora, bestinha e tagarela, e que não leva nada a sério em sua vida. Maizy tem 6 anos. Porém, Anita escolheu a pessoa errada para falar essas coisas, Uncle Buck vai lhe dar uma lição. Tio Buck (John Candy) é um homem cheio de defeitos, mas assim como em todos os filmes de John Hugues , ele tem qualidades fundamentais no universo huguiniano, Buck tem princípios, não tolera gente preconceituosa e respeita as crianças. Seu irmão, Bob (Garrett M. Bro...

AntiCristo

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Antichrist – Lars Von Trier – 2009 (Cinemas) Uma mulher chorando é uma mulher arquitetando. Prólogo Ao som da ária Lascia Ch’io Pianga da Ópera Rinaldo , e em imagens lentas e em p&b, um casal toma banho. A janela da casa se abrindo denuncia a neve e a ventania lá fora. Eles começam a fazer sexo dentro do chuveiro. Close nos genitais. O casal vai pra cama. A babá eletrônica dá sinais de zoada no quarto do bebê. O casal não ouve. O bebê se encaminha perigosamente para a janela aberta. Ao fundo se vê o casal transando. A criança já está em cima da mesa em frente à janela, quando a mulher anuncia seu orgasmo. O inevitável acontece. Cap. 1 (Pesar) O casal de protagonistas, interpretado por Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg (vencedora do Festival de Cannes), sofrem com a morte do filho. Ele, um psiquiatra, resolve ajudar a mulher, uma historiadora, que parece ter sentido mais a perda, inclusive se internando numa clínica e se entupindo de medicamentos. Cap. 2 (Dor – O caos reina) A ...