O Livro de Eli

The Book of Eli - Os Irmãos Hughes - 2010 (streaming)

A alta-cultura ocidental, a filosofia greco-romana, a arte sagrada de grandes artistas e a fé judaico-cristã formam o alicerce da nossa humanização. Se dela nos afastarmos, desumanizamo-nos irremediavelmente. Isso explica toda a crise da civilização moderna, cada dia mais longe da Igreja e exposta a uma arte dúbia e perigosa. A alta-cultura ocidental é uma criação do cristianismo: Dante, Shakespeare, Bach, Tintoretto, Da Vinci... Escolas, universidades, hospitais, inquéritos (vindo da inquisição, erroneamente nos ensinado) enfim, nossa sociedade é baseada nisso.

O Livro de Eli é uma fábula que aponta o nosso afastamento disso. Num futuro apocalíptico, Eli (Denzel Washington) carrega um livro importantíssimo, algo lhe diz que deve atravessar o deserto que a terra se encontra, indo a Oeste levar essa publicação. Nesse caminho ele para numa cidade governada pelo Ditador Carnegie (Gary Oldman), cujo objetivo é encontrar um livro que lhe traga todo poder.

O homem moderno é caracterizado por Carnegie, um desesperado que, na tentativa de encontrar sentido à vida, apega-se ao poder de um livro, é a busca do místico, esotérico, corpo e alma, da utopia para preencher o vazio da vida, não é a toa que na primeira cena ele ta lendo a biografia de Mussolini. Já Eli sabe reconhecer o que lhe falta. Atravessa com seu iPod ouvindo Johnny Cash, Al Green e Bee Gees. Demonstra que religião sem a alta cultura atrofia, perde-se e vira poder repressivo, o que Carnegie busca.

O Livro de Eli ainda guarda uma belíssima surpresa, duas aliás, uma não posso contar, mas outra faço questão, é a trilha sonora de Atticus Ross, especialmente a belíssima Panoramic, uma verdadeira obra-prima.

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