Bohemian Rhapsody
Bohemian Rhapsody - Bryan
Singer - 2018 (Cinemas)
Numa entrevista que ficou
famosa de Freddie Mercury, a global Gloria Maria lhe pergunta se a música I
Want to Break Free é uma homenagem a comunidade gay, Freddie lhe responde que
não, que essa música nem foi ele quem escreveu, é de John Deacon, casado e com
4 filhos. A repórter ainda insiste na pergunta e o astro responde novamente lhe
provocando.
Numa das cenas do filme, os 4
Queens dão uma entrevista coletiva para o lançamento do novo álbum da banda. Os
jornalistas sequer sabem disso. As perguntas giram em torno dos dentes de
Freddie Mercury, seu envolvimento com drogas e álcool, e,claro, sua
sexualidade.
Mercury nunca levantou
bandeiras, aliás, levantou, a bandeira da música, essa coisa maravilhosa que é
capaz de nos fazer eternizar seu nome e sua vida. É frustrante ver um crítico
de cinema veterano, Marco Petrucelli, dizendo que o filme é mequetrefe por não
explorar a homossexualidade do cantor da banda. O filme tem cerca de 2 horas e
10 minutos, e é uma condensação da vida e
das músicas de Freddie, tanto que muitas delas nem uma nota sequer tem. Gostaria
de saber o quanto da sexualidade de uma pessoa importa durante sua vida toda.
Nem as pessoas que vivem do sexo teria tanta fixação.
Bohemian Rhapsody é, mais que
uma homenagem a um artista completo, é um tributo a um cara que morreu jovem
demais e que teria uma vida ainda mais produtiva nas novidades musicais. E o título
já evidencia isso, escolher uma música do Queen é como preferência entre pai e
mãe, mas os produtores do filme, os remanescentes da banda, mostram que
Bohemian traz algo mais, essa veia criativa de Mercury de ir além das
possibilidades, essência do Queen.
Apesar de caricatural nas
cenas fora do palco, Rami Malek não compromete. A maquiagem e o corpo colaboram
na personificação da personagem, talvez o Sacha Baron - que abandonou as
filmagens por não concordar com o roteiro - de 1,91m ficaria estranho na pele
de uma pessoa que tinha 1,77m.
O filme toma algumas
liberdades no roteiro, ele traça a vida do músico com tudo que já é bastante
conhecido do público: seu temperamento forte, e as vezes egocêntrico, seu amor
por Mary Austin (love of my life), seu show no rock in rio aqui no Brasil, suas
brigas e atrasos na banda derivado de seu envolvimento com drogas e álcool, sua
família, a traição de seu empresário, amigo e amante, o show do Live Aid,
considerado o melhor da banda, e, para desespero do estandarte Petrucelli, o
filme só reserva alguns minutos sobre sua homossexualidade e seu relacionamento
mais sério com Jim Hutton, mas Bohemian Rhapsody é feito para você que já
chorou e se emocionou ao ouvir as batidas do Roger Taylor, os graves de John
Deacon, os agudos de Brian May, e tudo isso junto na voz desse gênio chamado
Farrokh Bulsara.
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