Blow-Up - Depois Daquele Beijo

Blow-Up – Michelangelo Antonioni – 1966 (DVD)

Consagrado na Itália, Michelangelo Antonioni assina com a MGM e o produtor italiano Carlo Ponti para rodar três filmes. Blow-up é o primeiro deles. Para o cineasta, tanto a Londres dos anos 60, como uma sensação de “sensualidade fria e calculista” são fundamentais para o mistério de sua película. O clima erótico fez com que fosse proibido de estrear em alguns países, principalmente por causa da cena da orgia.A genialidade de Antonioni em construir cenas cinematograficamente perfeitas tem aqui seu veículo mais apropriado na história do fotógrafo-celebridade-boçal que trata as pessoas como imagens e vive no mundo materialista. Os frames são de qualidade poucas vezes vista na história do cinema, os enquadramentos perfeitos remetem a profissão do protagonista, uma cena em particular deixa isso evidente, é no momento em que o fotógrafo faz fotos para um editorial de moda em seu estúdio, várias modelos, simetricamente separadas, posam enquanto algumas paredes de vidro dividem o cenário, a câmera de Michelangelo percorre a cena com esmero, não deixando de lado o propósito dela estar ali.

O fotógrafo Thomas (o bom ator David Hemmings que hoje interpreta papéis menores em filmes como Jogos de Espiões (2001), e Gladiador (2000) entre outros), faz fotos num parque londrino quando nota a presença de um casal namorando, suas lentes passam a focar nos amantes, uma bonita jovem e um coroa. Sua insistência acaba despertando a atenção dos pombinhos, e a jovem então vai tirar satisfações e Thomas acaba argumentando que o local é público. Mais tarde, já em sua residência ele recebe a visita da jovem que se chama Jane (Vanessa Redgrave) que faz de tudo para conseguir os negativos das fotos do parque, e acaba sendo enganada por Thomas, que depois percebe que fotografou um assassinato.

Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1967 é o primeiro filme britânico que mostra nudez feminina frontal, assim como é a primeira película de Michelangelo Antonioni falada em inglês. Seu perfeccionismo com a imagem levou a produção a pintar de verde à grama do Maryon Park, pois o diretor não estava contente com a cor real.Blow-up foi baseado no conto “Las Babas Del Diablo” do belga naturalizado argentino Julio Cortázar, que faz uma ponta no filme como mendigo. O escritor já foi outras vezes adaptado para o cinema, inclusive o nosso, com o mediano Jogo Subterrâneo (2005) e A Hora Mágica (1998).

Para quem gosta de fotografias, as ótimas fotos do filme é do excelente fotógrafo londrino Don McCullin, que você conhece mais clicando aqui.

A Rag Week, que está presente em quase todos os momentos da película, inclusive na cena final é uma semana que ocorre em várias universidades britânicas, uma vez por ano letivo, em que os estudantes tentam angariar dinheiro, para caridade, através de várias atividades da maneira mais divertida possível.

A cena final é uma das mais criativas e sensacionais da história do cinema mundial.

Comentários

Anônimo disse…
Ah, finalmente, um filme do Antonioni que eu vi. Acho "Blow Up" uma obra super estilizada, muito bem dirigida e construída do ponto de vista narrativo. Teu texto sobre a obra ficou maravilhoso!!

PS: Lembrei de você ontem quando assisti a Monica Bellucci ser completamente desperdiçada em "O Aprendiz de Feiticeiro".
Museu do Cinema disse…
POxa Kamila, nem me diga uma coisas dessas, iria ver o filme só por causa dela.
pseudo-autor disse…
Uma das obras-primas fundamentais para qualquer amante da sétima arte (não importa a que geração pertença!). Já mostrava uma Vanessa Redgrave exuberante, no auge da beleza e do talento.

Cultura na web:
http://culturaexmachina.blogspot.com
Anônimo disse…
Mas, infelizmente pra você, ela mal aparece, Cassiano! Totalmente despediçada! Você nem iria matar as saudades de vê-la na grande tela.
Camila Fink disse…
Adoro. Certamente um dos meus favoritos da história do cinema. Além de ter sido a minha apresentação ao universo do Antonioni, transformou minha relação com o cinema, que já não era fraca. Ótima escolha de destacar o ensaio fotográfico de moda. A sequência em que ele descobre o mistério das fotos também é das minhas preferidas.
Victor Bruno disse…
Certamente o melhor filme de Antonioni (ao ladod e O Deserto Vermelho, que tem uma fotografia fantástica do Carlo DiPalma).
Blow Up é meu Antonioni preferido! Deveria ter uma cadeira nos cursos de cinema só pra esse filme!
Alex Gonçalves disse…
Ah, eu adoro este filme. Não tinha gostado tanto quando assisti, mas como me apaixonei pela fotografia neste último ano essa obra tem muito a dizer sobre o poder da imagem.