O Eclipse

Gostaria de não amá-lo ou amá-lo muito melhor.
Para Antonioni, que estava obcecado filmando um documentário sobre o eclipse do sol em Florença, existe um significado importante nesse acontecimento da natureza: “Tudo o que consigo pensar é que, durante o eclipse, provavelmente até os sentimentos ficarão parados”. E, de algum modo, o filme surgiu daí.
Alguma certeza deve porém existir, se não a de amar bem, ao menos a de não amar.

Vittoria parte atrás da mãe, uma investidora compulsiva, na bolsa de valores, lá não conseguem conversar direito, e ela acaba conhecendo o corretor Piero (Alain Delon) e surge um interesse romântico.
O dinheiro é o elemento externo que indiretamente afeta todas as relações, inclusive a sexual.

O filme marca o fim da chamada trilogia da incomunicabilidade, que começou com A Aventura (1960), e passou por A Noite (1961). E mais uma vez o trabalho do diretor de fotografia Gianni Di Venanzo é primoroso.
A cena final é mais uma obra-prima do mestre Antonioni, é quase uma parte fora do filme, cheia de cortes e interpretações, a última seqüência realça ainda mais o trabalho de Gianni.
Apesar das poucas músicas em sua filmografia, O Eclipse é recheado de canções e trilhas incidentais. A cantora italiana, famosa nos anos 60 e 70, Mina, gravou L’eclisse Twist, canção que abre os créditos, enquanto a película é pontuada pelas composições de Giovanni Fusco, constante colaborador do cineasta.
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