O Grito

IN QUESTA DROGUERIA CHI NON PAGA TORNA VIA
NESTA MERCEARIA, QUEM NÃO PAGA VOLTA DE MÃOS VAZIAS
Um grito ecoa da tela. Uma mulher desesperada solta o barulho com o rosto atônito. Seus olhos olham para cima e parecem seguir algo que cai em sua frente. Suas mãos denunciam o desespero que o som já proporciona. A câmera continua imóvel focalizando aquela mulher, quer dizer, focalizando O Grito.
O Grito foi o primeiro sucesso de Michelangelo Antonioni. Ainda guarda resquícios do cinema conhecido como neo-realismo italiano, e pelo qual Antonioni começou a seguir nos seus primeiros passos, mas rapidamente criou identidade e personalidade própria fugindo do movimento e ao mesmo tempo criando um outro, o seu.

A película narra o fim do caso extraconjugal de Aldo (Cochran) e Irma (Alida Valli) quando ela descobre a morte do marido. Para Aldo é a oportunidade de finalmente casar com ela e legitimar a relação que já rendeu uma filha. Porém Irma confessa que ama outro homem, e Aldo resolve partir com a filha numa viagem pelo interior da Itália num típico road-movie.

O Grito consegue expor de maneira clara os sentimentos de uma personagem que vaga sem objetivo na vida, ao mesmo tempo consegue fazer dela, a personagem, uma pessoa sem muitas aspirações, criando uma dualidade que culmina na cena final e numa grande interrogação quanto à sua verdade, e para mim é nisso que faz de O Grito ser uma obra-prima. Reparem nas imagens que ilustram esse post, são enquadramentos perfeitos e momentos congelados vívidos por interpretações.
Numa cena, Aldo explica a prostituta Andriela (Lynn Shaw) como conheceu sua amada e se apaixonou por ela. Andriela então fica indignada e pergunta como acaba? O que acontece?
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