neo-realismo italiano

A imagem escura denuncia o tempo, os semblantes dos soldados mostram o cansaço e as cicatrizes da guerra, a destruição do local evidencia o lado mais selvagem de nós humanos.
Assim como o mundo do vinho é dividido por regiões produtoras, o mundo do cinema também pode ter essa divisão. Excetuando a Ásia, que se pelo lado do universo etílico não tem tradição, esbanja qualidade e quantidade na produção cinematográfica, as famosas regiões vinícolas também produzem cinema de qualidade. Neste post iremos tratar do cinema italiano, assim como os bons Brunellos di Montalcinos e Nero D’Avolas, existem os Fellinis e os Rosselinis.

O cinema italiano, imortalizado pelo trabalho de mestres como Federico Fellini, Roberto Rosselini, Luchino Visconti e Vittorio De Sica, os três últimos autores do movimento chamado neo-realismo italiano, conquistou admiradores e influenciou gerações de diretores ao redor do mundo. Atualmente, nomes como Ettore Scola, Giuseppe Tornatore, Nanni Moretti e Roberto Benigni mantêm o jeito italiano de filmar em produções premiadas e esteticamente bem finalizadas. Sergio Leone, Michelangelo Antonioni, Bernardo Bertolucci, e agora Gabriele Muccino fazem parte de outra safra de diretores italianos, que exerceram e ainda exercem, grande influência no cinema mundial, e foram importados para a industria cinematográfica norte-americana.

'A película, filmada ainda durante a guerra, inclusive colocando cenas de combates verdadeiros, se tornou um poderoso documento contra o regime fascista'.


A temática do documentário em um filme ficcional, ou seja, a realidade numa peça de ficção, representação da realidade social, econômica e política da Itália do final da segunda guerra mundial são as características do movimento, que teve no cinema a arte mais engajada.

Um clássico mundial representa o início do movimento – que foi batizado pelo crítico cinematográfico e documentarista Mario Serandrei – Roma Cidade Aberta (1945) de Roberto Rosselini, que fez do cineasta e da atriz Anna Magnani ícones do neo-realismo. A película, filmada ainda durante a guerra, inclusive colocando cenas de combates verdadeiros, se tornou um poderoso documento contra o regime fascista.

Duas outras produções merecem destaque. Obsessão (1943), de Luchino Visconti, adaptado do livro estadunidense The Postman Always Ring Twice, e Ladrões de Bicicleta (1948), do genial Vittorio DeSica. E isso nos traz ao novo indicado a concorrer ao Oscar estrangeiro pela Itália, Gomorra (2008), que retoma o movimento e está dando o que falar pelo mundo.

Comentários

Anônimo disse…
Para mim, o neo-realismo italiano é uma das grandes escolas cinematográficas que tivemos. A importância dela é tanta que, até hoje, vemos resquícios dela em obras de diretores contemporâneos.
Anônimo disse…
Essa época o cinema italiano era um dos melhores do mundo e na opinião de muitos o melhor, pois é uma barbaridade a quantidade de grandes filmes produzidos nessa época. Cassiano, espero que tenha aproveitado esse descanso do blog. Abs.
Museu do Cinema disse…
Descansei sim Denis! Obrigado!
Kau Oliveira disse…
Seja bem-vindo de volta, Cassiano!!

Bom, acho esta escola cinematográfica excepcional. Apesar de, sim, reverenciar os trabalhos de Fellini, Rosselini, Visconti e De Sica, ouso em dizer que prefiro os trabalhos de Bertolucci, Antonioni, Tornatore, Moretti...

Sem falar dos impressionantes filmes de Sergio Leone, como a obra-prima Era Uma Vez no Oeste.

O cinema italiano, pra mim, está entre os três melhores do mundo.

Abraços!!
Museu do Cinema disse…
Obrigado Kau, para mim o cinema italiano é o melhor do mundo.