Eu sou a Lenda

I Am Legend – Francis Lawrence – 2007 (Cinemas)

Ele tinha uma idéia. Ele acreditava que se podia curar o racismo e o ódio, literalmente, curá-lo, ao injetar música e amor na vida das pessoas. E quando estavam agendados para atuar num comício de paz, um assassino foi a casa dele e alvejou-o. Dois dias depois, ele subiu àquele palco, e cantou. Alguém perguntou-lhe, “porquê?” E ele disse : “As pessoas que estão a tentar fazer deste mundo pior, não tiram dias de folga. Como eu poderia?”. Iluminem a escuridão.

Remake do remake, que nem valem a pena serem citados. Eu sou a Lenda passou por vários astros e diretores até parar nas mãos de Will Smith, o verdadeiro responsável por essa obra de puro entretenimento e mais um a explorar o filão de filme-catástrofe, gênero que Will já tinha no currículo com Independence Day (1996).

Em 2012 o último homem no planeta terra chama-se Robert Neville (obviamente Will Smith), um cientista militar que tentou até os últimos momentos controlar uma epidemia que se espalhava pelo ar, fracassando totalmente. Morando sozinho numa Nova Iorque deserta e abandonada, ele possui rituais bastante estranhos, como deixar mensagem a procura de alguém nas freqüências do rádio AM, e esperar à beira da Brooklyn Bridge destruída (foto que ilustra o post), caçar veados – The Deer Hunter, O Franco-Atirador (1978), será uma homenagem?, e se trancar em casa quando a noite aparece, sempre acompanhado de Sam, sua cachorra que também escapou.

Eu gosto de filmes-catástrofes, acho interessante a produção e os efeitos visuais, e nesse filme Hollywood mostra que é capaz de destruir uma cidade como NY, e fazer-nos acreditar no roteiro falho e superficial.

A parábola que inicia a resenha fala sobre Robert Marley, o cantor jamaicano que apresentou o reggae ao mundo. A cena em que Will Smith “apresenta” o cantor a brasileira Alice Braga é incompreensível, como alguém não conhece Bob Marley?

Comentários

Rogerio disse…
Pois eh, falasse bem, remake, do remake, do remake etc.. Mas mesmo assim estou com boas expectativas nesse filme, pq sou fã desse tipo especifico de ficçao.
Mas ué, a estreia no Brasil nao é só amanhã? Ou sucumbisse ao Download?
Kamila disse…
Cassiano, adorei o final de seu texto. Só num filme hollywoodiano mesmo, alguém não conhece Bob Marley. Ou então, temos, no fundo dessa cena, uma crítica social aos brasileiros. Vai ver eles pensam que nós não sabemos de nada!
Museu do Cinema disse…
Rogério, vi numa pré-estreia para imprensa.

Pois é Kamila, achei um absurdo essa cena, esperei até o último segundo q fosse uma brincadeira, mas não rolou, o pior é que a brasileira ficou completamente sem graça na cena. Eu sinceramente não sei o que eles queriam com isso.
Kamila disse…
Tadinha da Alice Braga. E ela está sendo super elogiada por esse filme...
Museu do Cinema disse…
Ela segura o filme na segunda parte Kamila.
Victor disse…
Não vi o filme, mas, "como alguém não conhece Bob Marley????". Realmente, atos falhos que Hollywood adora nos presentear.
Ao menos esses filmes catástrofes tem valido pelas produções bem feitas.
De qualquer forma, irei conferir assim que estrear por aqui.


Abs!
Romeika disse…
Realmente o não conhecimento da personagem sobre Bob Marley foi bizarro.. Eu gostei do filme, apesar do roteiro espremido que não explica a fundo a origem da epidemia e como ele e outros conseguiram se safar.

Mas enfim, não esperava nada profundo do filme, só entretenimento mesmo, e isso foi cumprido. Acharia melhor se os "vampiros" fossem pessoas maquiadas ao invés dos efeitos visuais, ficaria mais realista.

Eu sei que vc quis ser irônico, mas achei os rituais do personagem bastante compreensíveis, Cassiano..hehehe
Museu do Cinema disse…
Pois é Victor, até agora não entendi e acho q nem vou entender.

Romeika, não tentei ser irônico não, é estranho para quem não sabe o final do filme, tentei passar isso. Entretenimento é sempre Entretenimento.
Anônimo disse…
Cassiano, legal saber isso da personagem da Alice Braga. Gosto muito dela e espero que ela tenha uma bem-sucedida carreira internacional.
Espero bastante do filme, principalmente por causa dos efeitos. Mas vejamos, né? Will Smith é sinonimo de blockbuster.

Abraço
Otavio Almeida disse…
Muito bem, Cassiano! Vc viu um blockbuster, hein! Estou orgulhoso de vc, rapaz!

Bom, ainda não vi EU SOU A LENDA. Vou amanhã à noite. Depois te digo o que achei.

Abs!
Romeika disse…
Cassiano, eu vi aquela rotina dele apenas como um maneira de se manter mentalmente sadio, além de conseguir alimento (a caça). A questão da comunicação no rádio, era a esperança dele em encontrar sobreviventes.. Bom, tudo bem óbvio.. enfim, peguei o conto, lerei em breve, certamente há mais respostas nesse do que no filme.

Ah, aqui está o texto sobre "Cidade dos Sonhos", a autora do post não escreve mais no blog, eu acho.

http://blogforclothes.blogspot.com/2007/08/someone-might-be-missing.html
Unknown disse…
Cara, eu ainda estou tentando entender sobre o que exatamente trata esse filme. Ainda não ficou claro para mim se a premissa do argumento vale a destruição de Nova York, sempre ela, já um clichê, coitada.

Eu não gosto de filmes-catástrofes porque eles são sempre iguais, só muda o monstro. E no final tem sempre lição de moral.

Abs!
Ramon disse…
Bob quem? kkkkk!
Caramba... talvez nos Estados Unidos ele não seja tão prestigiado. hehe!

Bela resenha, pelo que senti o filme tem algo interessante, apesar de seu direcionamento comercial. Estou certo?
Anônimo disse…
Bastante ansioso por esse filme, acho que vejo hoje ou amanhã. E fiquei interessado pela participação da brasileira.
Anônimo disse…
ah... citação a "Franco Atirador"... muito difícil de ser, e no final das contas esse é um filme tão... chimfrim...
falow!
Kamila disse…
Cassiano, acabei de chegar do cinema e gostei muito desse "Eu Sou a Lenda", especialmente do fato de que este é um filme completamente diferente de outros blockbusters. Não se foca na ação, na destruição; e sim, nas pessoas.
Museu do Cinema disse…
Kamila, ela segura o filme no "segundo tempo".

Diário, com certeza, Will = Blockbuster.

Otávio, tb não é assim, cinema tb é entretenimento!

Romeika, acho q vc não entendeu a minha resposta, tentei falar aquilo para não tirar a surpresa do filme, para quem sabe o final do filme, aquela rotina é explicavel, para quem não viu, parece loucura.

Dudu, eu gosto desse tipo de filme, principalmente pelos efeitos. Lembro de NY Sitiada, e depois do 11 de setembro a cidade virou o filme.

Ramon, sim, o filme é bom. Obrigado.

Vinicius, o filme é bom, mas melhor guardar sua ansiedade para filmes melhores, como o novo dos irmãos Coen.

Café, tb achei!

Kamila, pode ser, eu gostei do filme pelas imagens e pela edição.
Romeika disse…
Cassiano, eu tirei essa interpretação desde quando vi o trailer no cinema. :-)
Museu do Cinema disse…
Então Romeika, é para não perder a graça de quem não viu o filme.
Alex Gonçalves disse…
Putz, estou louco para dar grandes risadas com este momento do Bob Marley, rs. Devo conferir no final de semana, mas Francis Lawrence deve ter cumprido bem o seu trabalho…
Kamila disse…
Cassiano, do ponto de vista técnico, o filme é ótimo, concordo.
Ramon disse…
Adorei o filme!
E não achei tão estranhae a apresentação do Bob Marley. O Will até se supreende com o desconhecimento de Anna sobre o músico.
Museu do Cinema disse…
Alex, cumpriu com maestria o que foi solicitado, nada menos, nada mais.

Kamila, sem duvidas.

Ramon, vc acha q exista alguém que não conheça o Bob Marley? A cena, apesar da surpresa do Will, é louca demais.
Ramon disse…
Hehe... Cassiano, eu acho sim.
Já vi tanta coisa estranha nesse mundo. Conheço gente que nunca entrou numa sala de cinema (That´s weird!).
Hehe!
Unknown disse…
Ahn...eu achei o filme com o roteiro muito batido, não me surpreendi, não me emocionei, sinceramente não sei o que esperam de filmes como esse. Gostei da resenha. Tambem achei estranho a garota não saber quem era o Bob, mas, tem gente pra tudo. Agora, alguem pode me explicar como, em uma Nova York totalmente destruída, o personagem de Will (desculpa mas não lembro o nome dele!) conseguia energia elétrica pra ver tv e ouvir música?
Não parece ter sido à toa que o personagem que é A LENDA segurou o CD “A LENDA”, de uma lenda da música e citou um episódio em que o cantor demonstrou enorme comprometimento com o coletivo ao invés de preocupações mais egoístas, como a segurança própria. O filme mostra um mundo no qual 90% dos seres humanos se transformaram em zumbis preocupados somente com a própria sobrevivência, devido a uma peste. Ana é uma sobrevivente que não foi contaminada, porém denota certa indiferença quanto às grandes lendas da humanidade, preocupadas com o coletivo e comprometidas com o próximo, dotadas de valores elevados e que prezam a paz, o amor e a vida humana, pessoas altruístas, que pensam no bem estar geral antes mesmo de pensar em si próprias. Na sociedade contemporânea, assim como a sociedade retratada no filme, a maioria das pessoas é egoísta como Anna, pensando apenas em sua sobrevivência. Este coletivo egocentrado é representado pelo personagem de Anna, que está tão focada em sobreviver que não consegue compreender o altruísmo do cientista, que não objetiva migrar para a colônia de sobreviventes e salvar a própria pele, mas sim ficar e encontrar uma cura, sacrificando-se, assim, pela humanidade. Isso fica claro nas cenas e diálogos que se iniciam com a fala do virologista Neville (Will Smith): “Deus não fez isso, Anna, nós sim.” Na sequência, o cientista protagonista de “Eu sou a Lenda” (o que sugere que ele seja a lenda) segura o álbum “Lenda/ Legend” de Bob Marley e fala que Bob Marley “teve esta idéia, assim como um virologista... Ele acreditava que podia curar o racismo e o ódio, literalmente curar, injetando apenas música e amor na vida das pessoas. Um dia ele ia dar um show em um comício pela paz, atiradores foram a casa dele e atiraram nele. Dois dias depois ele subiu naquele palco e cantou. Alguém perguntou: “- Por quê?”, e ele disse: “As pessoas que tentam tornar esse mundo pior não tiram dia de folga. Como eu vou tirar?". Uma luz na escuridão.” Fica clara a intenção da cena: mostrar que, enquanto a maioria das pessoas é egoísta e só se preocupa em sobreviver e salvar a própria pele, algumas poucas são altruístas e se preocupam com o coletivo, almejando auxiliar e salvar a todos.
A mensagem desta passagem é, para mim, um alerta sobre o que estamos fazendo de nossas vidas. As pessoas estão, cada vez mais, agindo como zumbis, ignorando os valores humanos, não se importando com os sentimentos dos outros e desvalorizando e esquecendo seus salvadores, heróis e lendas. Desta forma, Anna é mostrada como uma pessoa que, por incrível que pareça, não sabe quem é Bob Marley. Afinal, um mundo onde não se valoriza mais as pessoas que se sacrificam pelo próximo. Nossos heróis, nossos messias, nossas lendas são, cada vez mais, desvalorizados e passíveis de serem esquecidos. A personagem Anna fala bastante em Deus, mas parece não seguir o preceito de amar ao próximo como a si mesmo. Enquanto isso, Neville tem um discurso semelhante ao de um ateu, no entanto, age da forma mais próxima de um homem de Deus que pode haver, pensando em salvar a todos e não somente a si mesmo. Ele, aliás, sacrifica-se, como o próprio Jesus, pelos seus semelhantes e, guardadas as devidas proporções, como Bob Marley, que sabia que não podia tirar folga de sua missão de fazer o bem. Parece que a mensagem contida na ignorância de Anna quanto a uma figura tão famosa quanto Bob Marley é justamente uma crítica sobre a crescente desvalorização que as pessoas demonstram em relação ao sacrifício que as pessoas altruístas fazem pelos seus semelhantes, pessoas que se tornam lendas, dando suas vidas para salvar a todos. SE ESQUECEMOS O VALOR DO ALTRUÍSMO, ESQUECEMOS TAMBÉM SEUS LENDÁRIOS REPRESENTANTES QUE AGIRAM PENSANDO EM TODOS E NÃO SOMENTE EM SI!