A Prairie Home Companion
“Cada show é meu último show, essa é a minha filosofia”.
A sensação de melancolia faz parte do roteiro, mas não da personalidade do diretor norte-americano Robert Altman. Não me lembro de despedida tão linda quanto essa no cinema mundial. Intencionalmente ou não, a película fala mais sobre o diretor (através da personagem principal), do que na verídica história da companhia de músicos que o filme se baseia.
Oferecimento da cerveja Nórdica, um sabor incomparável.
Filmado no teatro Fitzgerald, em St. Paul, Minnesota, a atual casa do show de rádio da Companhia, novamente o diretor usa de sua câmera voyeur, e de muitos personagens, para contar a história do último dia do centenário (dizem que Jesus ouvia na 3a série), programa de rádio capitaneado por Garrison Keillor (que interpreta a si próprio no filme e que escreveu o roteiro).
Café preto, porque só com cafeína para agüentarmos um dia inteiro de trabalho.
Keillor é o apresentador do show, que conta com performances das irmãs Johnson, Yolanda (Meryl Streep – a Jack Nicholson de saias), apaixonada por Keillor, e Rhonda (Lily Tomlin), dos cowboys-cheios-de-letras-imorais, Dusty (Woody Harrelson) e Lefty (o sempre competente John C. Reilly) e o velho e moribundo cantor Chuck Akers (L.Q. Jones), tudo acompanhado da maravilhosa banda da companhia. Completam o elenco, o gerente atrapalhado Guy Noir (Kevin Kline), o intervetor (Tommy Lee Jones) e Virginia Madsen como um anjo da morte.
Coma um, coma dois, coma três! Biscoitos Hitch, irresistíveis.
A trilha é item obrigatório na coleção de qualquer cinéfilo. Ouvir as canções interpretadas pelos maravilhosos atores do filme é ter a exata noção de como a preparação artística do cinema norte-americano é completa.
Fita adesiva lik, completa sempre o que faltou.
Impedido de filmar por problemas de saúde, Robert Altman teve como assistente de direção seu grande pupilo, e um dos maiores cineastas da atualidade, Paul Thomas Anderson. E foi justamente dessa união do destino que vem a grande mensagem do filme, na personagem da revelação Lindsey Lohan, filha da personagem de Meryl Streep. O show continua!
Se Robert Altman pensou que esse seria seu derradeiro show, enganou-se, não existe último para pessoas eternas.
“Dois pingüins estão parados numa pedra de gelo. O primeiro fala: - Você parece que está usando smoking. O segundo então diz: - O que te faz pensar que não estou usando?”
Comentários
Adorei ler você dizendo que a Lindsay Lohan é uma revelação... :-)
Quanto a Lohan esse é o primeiro filme que vejo dela. Ela tá sensacional, além de bonita, e cantando bem, ela não "treme" do lado de Meryl Streep. Não esperava dela uma atuação assim.
O divisor de águas na carreira da Lindsay foi o término do contrato dela com a Disney. Com os estúdios do Mickey, ela só fez um filme bom, "Sexta-Feira Muito Louca", em que ela tem uma excelente performance, assim como a Jamie Lee Curtis. Depois, foi um desastre atrás do outro, excetuando "Meninas Malvadas".
Quando esse contrato dela terminou, a Lindsay ficou mais livre para escolher o melhor caminho para ela. E ela está cada vez mais seguindo os rumos da colega Evan, fazendo filmes que fogem daquele estereótipo de comédia romântica adolescente.
Ainda acho que Hollywood olha torto para a Lindsay por causa dos escândalos que a envolvem. Mas, assim que ela resolver isso, ganhará o respeito que merece.
Quanto as meninas acho um pouco precipitado. É o primeiro filme que vejo da Lohan, achei realmente uma revelação, mas ela tava sendo dirigida por Altman né? E ainda contracenando com Meryl Streep e Lily Tomlin.
A Lindsay recebeu muitos elogios pelo seu filme seguinte ao “Prairie”: “Bobby”, de Emilio Estevez, e que também tem um grande elenco. Na maior parte das cenas dela, ela contracena com Elijah Wood.
Agora, se quer conhecer realmente Altman, procure Short Cuts, O Jogador e M.A.S.H. Infelizmente ainda não foram lançados em DVD.