David Lynch

David Lynch

O cineasta norte-americano David Lynch, nascido na pequena cidade de Missoula em 1946, é um dos diretores que mais influenciou o imaginário contemporâneo. Seu estilo inconfundível criou um mito em torno de seu cinema. O anão manco e a beleza estonteante de uma loira são referências em seus frames, que ousa mostrar o feio e o belo, como a vida.

Seus filmes também são recheados de músicas, em Veludo Azul (1986) ele usou o nome da música Blue Velvet, de Lee Morris e Bernie Wayne, para dar título a sua película. Hoje a música se mistura ao filme e é impossível não associar. Também em Veludo Azul (1986), há a extraordinária e inrotulável canção In Dreams, de Roy Orbinson, tocada numa cena lynchiana. A trilha sonora é composta pelo parceiro e compositor nova iorquino Angelo Badalamenti, autor das maravilhosas composições que permeiam o cinema de David Lynch, em especial Falling, a canção tema de Twin Peaks (1990), onde a beleza da música é de uma tristeza resignadora, assim como a personagem principal.

Para o jornalista, blogueiro (blog do Gutemberg) e constante colaborador desse blog, Gutemberg Cruz, “quando se assiste a uma obra de Lynch nada é o que parece ser. Tudo pode acontecer, mas há uma sensação de estranhamento. E é desse estranhamento que se observa à caligrafia cinematográfica do trabalho de Lynch. O diretor gosta de personagens bizarros, seus encontros e desencontros são apresentados com um olhar vertiginoso, tenso. O experimentalismo sempre foi utilizado em sua obra, o lado obscuro do ser humano também. Cada obra é um cult movie. Pode-se gostar ou odiar, mas ficar indiferente, jamais. A estrada de Lynch é luminosa”.

Dizem que Lynch é o precursor do cinema independente norte-americano, tendo aberto caminho para diretores como os irmãos Coen, Jim Jarmush, Spike Lee e Quentin Tarantino. Dentre os grandes admiradores de Lynch estão Stanley Kubrick e Bernardo Bertolucci, presidente do júri do Festival de Cannes de 1990, que muitos indicaram como o verdadeiro “inspirador” do veredicto que assegurou a Palma de Ouro a Coração Selvagem (1990). Bertolucci ressaltou, na época, como o filme de Lynch possuía uma força impressionante. Já Kubrick possuía uma cópia de Eraserhead (1977) - o filme que revelou Lynch para a crítica mundial -, que projetava periodicamente em sua vila na Inglaterra, afirmando que era o único filme de outro diretor que ele gostaria de ter dirigido.

Não só no seu trabalho Lynch é “estranho”. É conhecida sua fama de obsessivo e de não ter no seu apartamento uma cozinha, um dos fatores que fez a atriz Isabella Rosselini deixá-lo. Ele é conhecido também por namorar as atrizes que filma, geralmente mulheres lindas. Teve um relacionamento, mais recentemente com Laura Dern, estrela de Coração Selvagem (1990), Veludo Azul (1986) e INLAND EMPIRE (2006).

A imagem que ilustra o post é uma homenagem aos grandes cineastas que possuem um registro, uma marca registrada de suas filmografias, algo que o torna único, e que é raríssimo hoje em dia. Este mês o blog vai visitar a obra desse genial diretor. Serão dez filmes, começando por Eraserhead e terminando pelo último dele, INLAND EMPIRE (2006) e pela avant-première do mesmo Inland Empire (2006). Todos os longas-metragens do diretor estarão em destaque, os já citados acima e mais, Uma História Real (1999), Cidade dos Sonhos (2001), Estrada Perdida (1997), Os Últimos Dias de Laura Palmer (1992), Duna (1984) e O Homem Elefante (1980), todos disponíveis em DVD.
Como parte da revisita a Lynch iremos trazer um post de uma exposição, em parceria com o designer de sapatos Christian Louboutin, chamada FETISH, veja aqui.
(Adicionado em 17/12/2007) Veja aqui o clipe dirigido pelo cineasta para a Gucci.
(Adicionado em 06/11/2008) Leia aqui resenha do novo livro do cineasta, Em Águas Profundas.

Comentários

Kamila disse…
Por mais "estranho" que David Lynch possa parecer, por mais loucas (e aclamadas) que suas obras possam ser; eu não consigo apreciar seus filmes da maneira que eles merecem ser. O único filme que ele fez e que é do meu apreço é "História Real" (um filme belo e sensível) - e, curiosamente, este é o filme mais convencional da filmografia do Lynch.
Museu do Cinema disse…
Kamila, foi como Gutemberg falou, por mais estranho que possa parecer, Lynch jamais será indeferente. Mas "aceitar" a sua obra não é nada fácil mesmo! Quanto a História Real, é mesmo um belissimo filme, e algo incomum na carreira do diretor.
Unknown disse…
ADOREI O FILME .AMEI A TRILHA SONORA .DAVID BOWIE É PERFEITO.
Rogerio disse…
o proprio Lynch diz que faz o filme pensando nele, na maneira como ele gostaria de ver o filme e atira dizendo que as pessoas devem ter suas proprias percepçoes sobre seus filmes. Nada é obvio, vc tem que botar a cuca pra funcionar pra entender os longas.
Tenho que ver a Estrada Perdida, mas tá muito dificil achar...
abs
Unknown disse…
O cinema do Lynch pode parecer estranho, mas nem é. Ele apenas joga com a linguagem cinematográfica. É um criador de climas, texturas, e não de histórias. Não que isso seja bom ou ruim, genial ou idiota. Apenas é assim.

Eu acho ele genial, com uma rubrica só dele. Difícil de copiar.

Abs.
Belo post.
Gostei muito do seu blog.

E David Lynch ... intrigante, louco e sensacional ;)