Trecho do livro O Código Da Vinci
The Da Vinci Code – Dan Brown – 2003
“A única coisa que realmente importa é o que você acredita”.
Museu do Louvre, Paris
22:46
O renomado curador Jacques Saunière percorreu cambaleante a arcada abobadada da Grande Galeria do museu. Lançou-se de encontro à pintura mais próxima que enxergou, um Caravaggio. Agarrando a moldura dourada, o homem de 66 anos puxou a obra-prima para si até despencar para trás, arrancando o quadro da parede e caindo de qualquer jeito por baixo da tela.
Como havia previsto, um portão de ferro desceu, com grande estrondo, ali perto, lacrando a entrada do conjunto de salas do gabinete. O assoalho de parque tremeu. Bem distante, um alarme começou a soar.
O curador ficou ali deitado um instante, arquejante, avaliando a situação. Ainda estou vivo. Rastejando, saiu de baixo do quadro e esquadrinhou o ambiente cavernoso, procurando onde se esconder.
Uma gélida voz soou, assustadoramente próxima.
- Não se mexa.
De quatro, o diretor paralisou-se, virando a cabeça devagar.
A apenas cinco metros, diante do portão lacrado, a silhueta monstruosa de seu agressor espreitava-o por entre as barras de ferro. Era espadaúdo e alto, pele branca como a de um fantasma e cabelos também brancos e ralos. As íris eram rosadas, com pupilas vermelho-escuras. O albino sacou uma pistola do casaco, e, passando o cano entre as barras, apontou-a diretamente para o diretor.
- Não devia ter fugido. – O sotaque dele era indefinível. – Agora me diga onde está.
- Eu já lhe disse – gaguejou o diretor, ajoelhado e indefeso no chão da galeria. – Não faço a menor idéia do que está falando!
- Mentira sua. – O homem estava perfeitamente imóvel, a não ser pelo brilho de seus olhos fantasmagóricos, cravados em Saunière. – Você e sua fraternidade possuem uma coisa que não lhes pertence.
O curador sentiu uma torrente de adrenalina na circulação. Como era possível que ele soubesse disso?
- Esta noite ela voltará para as mãos dos guardiães corretos. Diga-me onde está escondida, que pouparei sua vida. – O homem ergueu a arma até a altura da cabeça do curador. – É um segredo pelo qual o senhor morreria?
Saunière não conseguia respirar.
O homem inclinou a cabeça, fazendo mira.
Saunière levantou as mãos.
- Espere – disse, devagar. – Vou lhe contar o que precisa saber. – O curador pronunciou as palavras seguintes com imenso cuidado. Havia ensaiado várias vezes a mentira que contou...rezando a cada vez para jamais ser obrigado a utilizá-la.
Quando o curador terminou de falar, o atacante sorriu, pretensioso.
- Sim, Foi exatamente isso o que os outros me disseram.
Saunière encolheu-se. Os outros?
- Eu também os encontrei – disse o gigante, sarcástico. – Todos os três. Confirmaram o que acabou de me dizer.
Não pode ser! A verdadeira identidade do curador, assim como as de seus três guardiães, era quase tão sagrada quanto o segredo antiqüíssimo que eles protegiam. Saunière agora percebia que seus guardiães, seguindo à risca os procedimentos, haviam contado a mesma mentira antes de morrerem. Fazia parte do protocolo.
O atacante tornou a mirar.
- Quando o senhor tiver morrido, eu serei o único a saber a verdade.
“A única coisa que realmente importa é o que você acredita”.
Museu do Louvre, Paris
22:46
O renomado curador Jacques Saunière percorreu cambaleante a arcada abobadada da Grande Galeria do museu. Lançou-se de encontro à pintura mais próxima que enxergou, um Caravaggio. Agarrando a moldura dourada, o homem de 66 anos puxou a obra-prima para si até despencar para trás, arrancando o quadro da parede e caindo de qualquer jeito por baixo da tela.
Como havia previsto, um portão de ferro desceu, com grande estrondo, ali perto, lacrando a entrada do conjunto de salas do gabinete. O assoalho de parque tremeu. Bem distante, um alarme começou a soar.
O curador ficou ali deitado um instante, arquejante, avaliando a situação. Ainda estou vivo. Rastejando, saiu de baixo do quadro e esquadrinhou o ambiente cavernoso, procurando onde se esconder.
Uma gélida voz soou, assustadoramente próxima.
- Não se mexa.
De quatro, o diretor paralisou-se, virando a cabeça devagar.
A apenas cinco metros, diante do portão lacrado, a silhueta monstruosa de seu agressor espreitava-o por entre as barras de ferro. Era espadaúdo e alto, pele branca como a de um fantasma e cabelos também brancos e ralos. As íris eram rosadas, com pupilas vermelho-escuras. O albino sacou uma pistola do casaco, e, passando o cano entre as barras, apontou-a diretamente para o diretor.
- Não devia ter fugido. – O sotaque dele era indefinível. – Agora me diga onde está.
- Eu já lhe disse – gaguejou o diretor, ajoelhado e indefeso no chão da galeria. – Não faço a menor idéia do que está falando!
- Mentira sua. – O homem estava perfeitamente imóvel, a não ser pelo brilho de seus olhos fantasmagóricos, cravados em Saunière. – Você e sua fraternidade possuem uma coisa que não lhes pertence.
O curador sentiu uma torrente de adrenalina na circulação. Como era possível que ele soubesse disso?
- Esta noite ela voltará para as mãos dos guardiães corretos. Diga-me onde está escondida, que pouparei sua vida. – O homem ergueu a arma até a altura da cabeça do curador. – É um segredo pelo qual o senhor morreria?
Saunière não conseguia respirar.
O homem inclinou a cabeça, fazendo mira.
Saunière levantou as mãos.
- Espere – disse, devagar. – Vou lhe contar o que precisa saber. – O curador pronunciou as palavras seguintes com imenso cuidado. Havia ensaiado várias vezes a mentira que contou...rezando a cada vez para jamais ser obrigado a utilizá-la.
Quando o curador terminou de falar, o atacante sorriu, pretensioso.
- Sim, Foi exatamente isso o que os outros me disseram.
Saunière encolheu-se. Os outros?
- Eu também os encontrei – disse o gigante, sarcástico. – Todos os três. Confirmaram o que acabou de me dizer.
Não pode ser! A verdadeira identidade do curador, assim como as de seus três guardiães, era quase tão sagrada quanto o segredo antiqüíssimo que eles protegiam. Saunière agora percebia que seus guardiães, seguindo à risca os procedimentos, haviam contado a mesma mentira antes de morrerem. Fazia parte do protocolo.
O atacante tornou a mirar.
- Quando o senhor tiver morrido, eu serei o único a saber a verdade.

Comentários
Amanhã é o grande dia