Crash - No Limite
Crash – Paul Haggis – 2004
“Isso é o senso do toque. Numa cidade real, você anda, sabe? Você esbarra nas pessoas, as pessoas esbarram em você. Em L.A, ninguém toca você. Estamos sempre atrás de metal e vidro. Eu penso que perdemos tanto esse toque, que batemos uns nos outros, só para sentirmos alguma coisa”.
Crash, vencedor do Oscar de melhor filme, deveria se chamar Magnólia 2, assim resolveria dois problemas numa cajadada só. Primeiro, diz-se que Haggis resolveu colocar o nome por uma briga com o conterrâneo Cronenberg, que teve seu filme lançado em 1996. E segundo porque foi acusado de ser uma cópia do filme de Paul Thomas Anderson. Haggis também faz parte da famigerada cientologia, uma religião polêmica, que mistura ciência e tem grandes astros como seguidores, John Travolta e Tom Cruise.
O filme é um mosaico de histórias que se entrelaçam. Sua história é contada de forma simples e objetivamente, em comum, a cidade de Los Angeles, com seus preconceitos raciais em ebulição, alias, outro filme que também é “lembrado” é “Grand-Canyon – Ansiedades de uma geração”. A película-mosaico tem: o policial branco e preconceituoso, mas de ótima conduta (Matt Dillon), o diretor de TV negro, educado e que evita entrar em brigas raciais (Terrence Howard), a esposa do promotor carente e racista (Sandra Bullock), um jovem delinqüente negro e que só enxerga racismo a sua volta (Ludacris) e o detetive negro (Don Cheadle), que tem problemas com a mãe drogada e o irmão assaltante. O racismo é o tema principal de toda a violência que invade a tela.
Não se pode chamar Haggis de maniqueísta. O filme foi concebido depois do autor passar por um seqüestro relâmpago. O diretor foi extremamente cuidadoso em colocar no roteiro personagens reais, alguns poucos desenvolvidos é verdade, como no caso das personagens de Sandra Bullock e Brendan Fraser, mas todos se encaixam de alguma maneira aos nossos sentimentos preconceituosos e racistas. Seu filme é uma grande homenagem a Magnólia – como no momento em que todos os personagens são mostrados num “clip” com a belíssima música “In the deep” de Kathleen “Bird” York, injustiçada em não ter ganho o Oscar de melhor canção. Por falar em Oscar, a surpresa da sua vitória acabou tirando um pouco o brilho do filme. Se é melhor que Brokeback Mountain ou não, dependerá da opinião de cada um, mas, ninguém poderá negar, a sua vitória deixou a estatueta em boas mãos.
“Você pensa que sabe quem você é?”
* Vencedor de 3 Oscar: Melhor Filme, Roteiro Original (Paul Haggis e Bobby Moresco) e Montagem (Hughes Winborne)
“Isso é o senso do toque. Numa cidade real, você anda, sabe? Você esbarra nas pessoas, as pessoas esbarram em você. Em L.A, ninguém toca você. Estamos sempre atrás de metal e vidro. Eu penso que perdemos tanto esse toque, que batemos uns nos outros, só para sentirmos alguma coisa”.
Crash, vencedor do Oscar de melhor filme, deveria se chamar Magnólia 2, assim resolveria dois problemas numa cajadada só. Primeiro, diz-se que Haggis resolveu colocar o nome por uma briga com o conterrâneo Cronenberg, que teve seu filme lançado em 1996. E segundo porque foi acusado de ser uma cópia do filme de Paul Thomas Anderson. Haggis também faz parte da famigerada cientologia, uma religião polêmica, que mistura ciência e tem grandes astros como seguidores, John Travolta e Tom Cruise.
O filme é um mosaico de histórias que se entrelaçam. Sua história é contada de forma simples e objetivamente, em comum, a cidade de Los Angeles, com seus preconceitos raciais em ebulição, alias, outro filme que também é “lembrado” é “Grand-Canyon – Ansiedades de uma geração”. A película-mosaico tem: o policial branco e preconceituoso, mas de ótima conduta (Matt Dillon), o diretor de TV negro, educado e que evita entrar em brigas raciais (Terrence Howard), a esposa do promotor carente e racista (Sandra Bullock), um jovem delinqüente negro e que só enxerga racismo a sua volta (Ludacris) e o detetive negro (Don Cheadle), que tem problemas com a mãe drogada e o irmão assaltante. O racismo é o tema principal de toda a violência que invade a tela.
Não se pode chamar Haggis de maniqueísta. O filme foi concebido depois do autor passar por um seqüestro relâmpago. O diretor foi extremamente cuidadoso em colocar no roteiro personagens reais, alguns poucos desenvolvidos é verdade, como no caso das personagens de Sandra Bullock e Brendan Fraser, mas todos se encaixam de alguma maneira aos nossos sentimentos preconceituosos e racistas. Seu filme é uma grande homenagem a Magnólia – como no momento em que todos os personagens são mostrados num “clip” com a belíssima música “In the deep” de Kathleen “Bird” York, injustiçada em não ter ganho o Oscar de melhor canção. Por falar em Oscar, a surpresa da sua vitória acabou tirando um pouco o brilho do filme. Se é melhor que Brokeback Mountain ou não, dependerá da opinião de cada um, mas, ninguém poderá negar, a sua vitória deixou a estatueta em boas mãos.
“Você pensa que sabe quem você é?”
* Vencedor de 3 Oscar: Melhor Filme, Roteiro Original (Paul Haggis e Bobby Moresco) e Montagem (Hughes Winborne)
Comentários
Paul Haggis é um dos grandes roteiristas do cinema atual e, com "Crash", ele toca em várias feridas da sociedade. Pensem o que quiser desse filme, mas ele é muito verdadeiro e essa é uma qualidade que falta e muito no cinema que é produzido atualmente.