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IRREVERSIBLÉ – Gaspar Noé – 2002

“O tempo destrói tudo”.

Náuseas, mal-estar, dor de cabeça, essas informações deveriam vir na bula do filme, e a intenção do diretor argentino, Gaspar Noé, é clara, com mais uma pitada de desconforto, devido a uma cena, e arrepios por outra, ou a ambas. A violência é o ponto em comum, dentro e fora do filme. E todos esses efeitos são causados por ela. Para passar esses sintomas, Noé precisou além das duas cenas em questão, usar artifícios técnicos. Filmagens em super 16mm, - filma-se, atualmente, em 36mm ou digital - e depois de editado e colorido passou-se para 36mm, criando ruídos, texturas e desfocagens. Na maioria das cenas as filmagens foram feitas com câmeras manuais, seguradas sem nenhum apoio, dando movimentação constante a película e o efeito do mal-estar e dor de cabeça. Além de serem filmadas por câmeras pequenas, as menores que existem da super 16mm. Os 30 minutos iniciais do filme ouve-se ruídos de 28Hz, quase inaudível, similar ao som de terremotos, em seres-humanos esse som causa náusea e vertigem.

Depois de criar toda essa pirotecnia para causar esses “estragos” no espectador, Noé elaborou duas cenas das mais grotescas da história do cinema. Numa delas o ator é espancado por um extintor de incêndio na cabeça e seu crânio vai se desfacelando sem cortes. Para isso foi usado um crânio humano coberto por material semelhante a pele e maquiado, depois do primeiro golpe, dado no ator, as outras dezenas de pancadas são dadas no crânio maquiado.

A outra cena é mais famosa do que o filme, muito foi dito sobre ela. Até especulações foram feitas, chegaram até a dizer que foi realmente verídica. O estupro e espancamento de Alex (Monica Bellucci) foi rodado em duas noites, e segundo a atriz, a realidade impressionante da cena foi causada pelo verdadeiro cansaço dos atores depois de tanto tempo filmando a mesma cena.

O filme usa do mesmo artifício de Amnésia para contar a história, portanto o filme começa com a última cena, e vamos, cena por cena descobrindo porque toda aquela violência. Marcus (Vicent Cassel – marido de Bellucci), é o atual namorado de Alex, juntamente com Pierre (Albert Dupontel), um ex-namorado dela, passam a perseguir o estuprador pela noite barra-pesada de Paris. Pierre, o moderado, se mostra o mais sensato, segurando muitas vezes o instinto de vingança do transtornado namorado.

“Até os animais não pensam em vingar-se”.

Comentários

Museu do Cinema disse…
Realmente, todos dizem que sentem dor de cabeça no filme. Se a ideia era essa, e eu acredito que tenha sido, foi maravilhosamente bem sucedida.